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Reunião em Genebra para preparar o grande acordo sobre o clima

Genebra, 8 Fev 2015 (AFP) - As negociações sobre o clima foram retomadas neste domingo em Genebra, em uma primeira reunião formal para preparar o texto do grande acordo que será assinado em Paris por 195 Estados, que seguem divididos sobre pontos chave.
O presidente dos negociadores, o peruano Manuel Pulgar Vidal, convocou os participantes a trabalhar com eficiência, "com senso de compromisso e urgência".
As negociações intermediárias, realizadas sob os auspícios da ONU, têm por objetivo alcançar no fim do ano na capital francesa o acordo mais ambicioso já assinado para lutar contra o aquecimento global, um pacto que substituirá o protocolo de Kioto a partir de 2020.
"Nossa tarefa comum é produzir nesta semana um texto de negociação do acordo, um documento mais preciso e mais claro (que o projeto atual)", afirmou o ministro peruano do Meio Ambiente.
Pulgar Vidal lembrou as conclusões de um relatório recente no qual prestigiados cientistas advertiram que 2014 foi o ano mais quente já registrado no planeta Terra.
O objetivo é conhecido: é preciso limitar o aumento da temperatura mundial a +2°C em comparação com a era pré-industrial. Caso contrário, está previsto um distúrbio climático que terá graves consequências nos ecossistemas, nas sociedades e economias, em particular nas regiões mais pobres.
Ao ritmo atual, o mundo se aproxima de um aumento de 4 a 5 graus no fim do século se não forem tomadas medidas drásticas para reduzir as emissões de gás de efeito estufa, provocadas em grande parte pelo uso maciço de energias fósseis.
"Devemos iniciar uma profunda 'descarbonização' da economia mundial e conseguir na segunda metade do século a neutralidade climática", ou seja, um equilíbrio entre as emissões e a capacidade da Terra em absorvê-las, explica a responsável pelo clima da ONU, Christiana Figueres.
No entanto, Figueres já advertiu que não se deve esperar da reunião de Genebra um texto finalizado, e sim um documento que reflita um pouco melhor os pontos comuns.
"Esperamos que os governos sejam capazes de trabalhar juntos para produzir um testo mais manejável", afirmou.
Confiança entre governos
De fato, os Estados estão divididos sobre os meios que devem ser utilizados, como reflete o projeto de acordo de 37 páginas que será estudado em Genebra, e que propõe um leque de opções sobre uma série de questões chave.
"Como dividir a carga das reduções das emissões entre os países do Norte e os do Sul, mais vulneráveis, menos preparados e muito necessitados de energia? Que papel desempenham os grandes países emergentes, como China, Brasil ou Índia?".
Os países em desenvolvimento também esperam que as nações industrializadas mobilizem os fundos prometidos para financiar ao mesmo tempo as medidas de adaptação e de luta contra o aquecimento climático (100 bilhões de dólares anuais até 2020).
"Devemos garantir que este acordo não apenas seja ambicioso e encarado para o futuro, mas que seja justo e igualitário", declarou na véspera da reunião o presidente do grupo dos países menos avançados (LDC).
Paralelamente às negociações, os Estados estão convidados a comunicar no decorrer do ano seus compromissos em matéria de redução de suas emissões.
Mas ainda não se sabe no novo acordo qual será o mecanismo de revisão e de progressão para estes compromissos, no momento insuficientes para respeitar o objetivo de +2 graus.
Além disso, que forma jurídica será dada ao futuro acordo de Paris? E que novas ações serão tomadas para o período 2015-2020, que os cientistas consideram crítico?
"Reforçar a confiança entre governos" será um assunto chave, ressalta o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), dotado do status de observador nestas negociações, e que convoca todos a "sair da rotina" diante da gravidade da situação.

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