Resenha do livro Migrantes...de Dora Martins e Sônia Vanalli. 4. Ed.
No decorrer da história, a terra, que antes era de todos, com seus produtos repartidos entre todos e não havia a escassez de alimentos causada pela má distribuição, agora ia se tornando propriedade privada, gerando a produção de excedentes, a divisão de classes entre os homens e com ela o domínio dos mais fortes sobre os mais fracos. A relação de trabalho que antes era tribal passa a ser escravista. Mas essa situação chegou ao ponto de ficar deterioradas, onde os escravos se voltavam contra seus senhores. A partir de então, a terra passou a ser organizada de outra forma. As relações de trabalho não eram mais escravistas e sim servis, onde seus criados e a produção pertenciam em sua maior parte ao senhor feudal, mas era dali que muitos tiravam o seu sustento. Já a vida nas cidades era diferente. Enquanto que a do campo era cheia de atividades, as cidades eram adormecidas. Mas tudo isso mudou com a produção agrícola, que graças ao desenvolvimento de novas técnicas aumentou os excedentes. Com isso o servo ia se desprendendo do campo e com seus conhecimentos ia se mantendo na cidade.
Assim, ao final de algum tempo, essa nova classe social fortalecida, consolidava seu império econômico no monopólio de terras cultiváveis, fábricas e bancos que embora ainda fossem rudes, começavam a surgir. Interesses econômicos vieram determinar o modo de vida e o destino das pessoas. E assim, com novos sonhos, o camponês deixou seu lugar de origem e foi em busca de realizá-los, iniciando assim uma migração em busca da vida.
No Brasil desde os tempos da colonização já se percebia que a economia estava voltada para os interesses externos. No caso, por exemplo, do açúcar, que já era um produto de valor para os Europeus, e o plantio de cana, que representava um grande negócio para os portugueses. Com o passar do tempo deu-se o aumento da população e da escassez de alimentos, pois a mão de obra estava toda concentrada no cultivo da cana. Aos poucos a cana foi dando vez para a mineração, em especial para a extração do ouro, com essa febre do ouro os nordestinos, principalmente começaram a migrar e a região que lhes prometia vida melhor era a de Minas Gerais, só que com a falta de tecnologia adequada a extração de ouro entrou em decadência. Entra em cena, portanto o café, o que também fez com que nordestinos seguisse em busca das lavouras de café no Sudeste, e outras a procura das indústrias de São Paulo e do Rio de Janeiro, ou seja, sempre fazendo com que a população migrasse de um lugar pra outro. Sendo a condição sócio-econômica a que provoca mais expulsões, a fim de se estabelecer em determinado lugar sob certas condições de vida.
No caso das regiões que são afetadas, por exemplo, por terremotos, a população não migra, e sim criam mecanismos de defesa que geram inclusive mais oportunidades de empregos. Quando a seca acontece e castiga a vida nordestina, a tendência é procurarem outras regiões. A maioria desses migrantes vive trabalhando para os outros, enquanto que eles próprios estão longe de construir algo pra si. Foi a partir do avanço da tecnologia que a vida no campo foi se sofisticando. Governos instalavam nessas regiões projetos agropecuários e agrominerais, na qual necessitava de mão de obra barata divulgados por todo o país, incentivando a população (pobre) a migração. Esses fluxos migratórios inter-regionais também trazem consigo problemas estruturais no desenvolvimento do Brasil, como a penetração do capitalismo monopolista e o conseqüente processo de regionalização territorial. Os movimentos migratórios, portanto são soluções que continuarão se transformando em problemas enquanto não se oferecer condição para o homem viver dignamente no seu lugar de origem. O espaço, no entanto, somos nós quem produzimos e reproduzimos de acordo com os interesses da sociedade da qual estamos inseridos. A Reforma Agrária no caso seria a única maneira de se dá uma vida e trabalho decente a esse trabalhador para que ele não seja peregrino pelo resto da vida.
S.O.L
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