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Serra da Calçada - Caminhos da Mineração

Quer saber as características deste local? se sim, veja o vídeo abaixo!



Quer saber como foi o percurso e as dificuldades encontradas por nossa equipe? se sim, leia o texto abaixo!

Realizei uma visita recentemente a Serra da Moeda, em especial, na sua porção conhecida como Serra da Calçada que se situa em uma área limítrofe com Parque Estadual Serra do Rola-moça. Próximo ao local existe um condomínio de classe média alta, mais adiante no texto entenderá porque a menção ao condomínio se faz necessária.
Antes de partir para o local, eu e meus amigos nos reunimos na Praça 7, um dos marcos históricos de Belo Horizonte e palco de acontecimentos marcantes. Desde lá, já gotejava em minha mente pensamentos sobre como tudo está conectado pela trama da vida, e como tudo é consequência dos arranjos e desarranjos temporais-espaciais.
Sem que seja necessário grande esforço mental, tracei alguns pontos em que a história destas áreas (BH e Serra da Moeda) aparentemente dissonantes se conectavam, começando com a descoberta de ouro ás margens do Rio das Velhas que posteriormente gerou a guerra dos emboabas (disputa pelo controle das áreas de garimpo mineiras, entre mineiros e paulistas) e consequentemente Ouro Preto (pela descoberta deste mineral), mais tarde devido ao rompimento com a coroa e ao pensamento progressista ocorreu a criação de BH em 1897, essa é a perspectiva histórica, porém é inegável que ela é em parte condicionada aos aspectos geológicos da área, ora, se não houvesse recursos minerais valiosos (a isso devemos agradecer aos 4,6 bilhões de anos anteriores, durante a formação da primeira crusta) nessa área quem iria querer construir edificações por aqui? Ainda mais, devido aos altos contrastes climáticos, de declividade e da grande distância entre aqui e as áreas de exportações dos bens, que no princípio eram enviados para a Europa.
Enfim, agora que já devaneamos um pouco sobre algumas considerações urgentes a respeito do entrelaço entre o espaço-tempo, podemos partir para a visita em si. Chegando ao local, fomos recebidos pelos protetores do meio ambiente, sim é isso mesmo que você leu...  - Assim eu intitulo alguns espécimes da classe média alta que migraram para o vetor sul em busca de amenidades, e que foram seduzidos pelo papel (marketing) de protetores da natureza que as empresas de mineração os empregaram (como forma de compensação ambiental) -  Logo na área de acesso a Serra da Calçada, que pertence a MBR (Mineradoras Brasileiras Reunidas) e que se localiza ao lado do condomínio recebemos a abordagem de uma moradora local, esta, nos questionou com entonação de autoridade sobre o que iriamos fazer na área, quando era a previsão de volta e se íamos acampar no local. Como eu e meus amigos somos educados, respondemos a ela, mesmo sabendo que não havia necessidade, informamos que iriamos visitar o Forte, alguns corpos d’água locais e em seguida seguiríamos para “Casa Branca” (outro condomínio próximo). Após essa abordagem no mínimo estranha, seguimos com o nosso roteiro conforme tínhamos o planejado... Após uns 30 minutos de caminhada fomos novamente abordados por outra “protetora da natureza”, ou melhor, moradora de classe média alta que se acha dona da natureza e que potencializa a segregação de classes quanto a utilização de uma área ao qual a mesma não é proprietária, desta vez a abordagem foi mais direta:

Moradora: Vocês já passaram pela portaria? Estão fazendo o que aqui? Vocês sabem onde estão?
 Gabriel: sim, estamos na Serra da Calçada, componente do Sinclinal moeda e área integrada ao quadrilátero ferrífero. Porque?
 Moradora:Porque queremos ver se os visitantes conhecem o local.

Prevendo as constatações óbvias, logo informei novamente o nosso roteiro...Seguindo a caminhada em diante, paramos em uma mina abandonada (conforme mostrado no vídeo), em seguida fomos até um afloramento de quartzitos e logo após descemos o calçamento que leva até o Forte de Brumadinho.
Até que fim chegamos no Forte, eu pensei. Paramos para descansar no Forte por alguns minutos, cinco minutos após a nossa parada recebemos uma visita inesperada...Adivinhe quem era? Não, não era o homem de ferro (por causa do quadrilátero. Entendeu?), era a polícia militar ambiental. Não tenho nada de negativo a dizer sobre a polícia ambiental ou sobre os policiais que nos abordaram, foram muito amistosos e respeitosos conosco, inclusive tivemos diálogos sobre o local e a importância de se conservar ele para as gerações futuras...mas reflita junto comigo…qual a probabilidade de a polícia aparecer justamente naquele local e naquela hora por acaso? Logo tive a certeza por razões óbvias, de que a moradora que estava no acesso para a serra havia nos denunciado à polícia. Talvez seja porque entramos a pé e não em uma bicicleta de R$10.000,00, ou, porque somos universitários pobres e não empresários donos de valorosas casas nos arredores.
Para que vale a nossa constituição? Onde está o meu direito ao Meio Ambiente? Onde está o meu direito de ir e vir por vias públicas? A resposta pra tudo isso era clara: quem tem dinheiro tem direitos! quem não tem, que se @#$%!
Saímos do forte e descemos em direção ao “poço encantado”, durante a descida fiquei fascinado com a paisagem, à esquerda, via vertentes abruptas com rochas enormes aflorando, estas, com visíveis marcas causadas pelos diversos tipos de intemperismo. Já na porção localizada a minha direita, era possível avistar os relevos distantes ao fundo com nuvens acima e o efeito de paralaxe, que segundo o meu amigo Wagner, nos mostra a curvatura da Terra (vistos na cena final do vídeo). Por todos os lados era possível notar resquícios advindos do período de exploração minerária, bicâmes, poços de decantação, diques e muito mais. Seguindo o curso d’água chegamos ao “poço encantado”, ficamos lá nos divertindo por um tempo e posteriormente retornamos para o Forte.

Saímos do forte e caminhamos em direção a “Cachoeira das Ostras” onde iriamos acampar.... E o resto dessa história fica para uma próxima oportunidade!


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